A Teologia do Juízo Divino na Bíblia

A Teologia do Juízo Divino na Bíblia. Um Estudo dos Juízos de Deus no Passado, Presente e Futuro, e Suas Implicações para a Humanidade


Gerhard Franz Hasel (1935–1994) foi professor de Teologia Bíblica e Antigo Testamento, bem como reitor, do Seminário Teológico Adventista na Andrews University. A infância de Hasel vivida na Alemanha Nazista é relatada no livro “Mil Cairão ao Teu Lado”, escrito por sua irmã mais nova Susi Hasel Mundy. Ele se casou com Hilde Schafer, que também sobreviveu a guerra, com quem teve três filhos. O Pastor Hasel morreu em um acidente de carro em Utah em 1994.


Tradução: Hugo Martins

O artigo “A Teologia do Juízo Divino na Bíblia” (Original em Inglês: “The Theology of Divine Judgment in the Bible”), por Gerhard Franz Hasel, foi publicado, inicialmente, pelo Adventist Biblical Research Institute.  Usado com permissão.


O conceito bíblico de juízo é um tema importante nas Escrituras que permeia tanto o Antigo quanto o Novo Testamento. O tema do juízo tem muitas facetas e aspectos que chamam a atenção. A expectativa de juízo está presente nos dois Testamentos, e nosso estudo examinará os principais aspectos desse tema na Bíblia. Primeiro, analisaremos o Antigo Testamento, e, então, nossa atenção se voltará para o ensino do Novo Testamento sobre este assunto. Não discussão não esgotará o tópico. Procura delinear o conceito de juízo em suas diversas ênfases.

  1. Juízo Divino no AT
  1. Deus como Juiz

O AT descreve o Senhor como o Deus misericordioso que salva, mas também como o Santo que punirá (Êx 20:5–6; Is 6:3–5). Deus é juiz desde sempre. Após Adão e Eva caírem em pecado, Deus entra neste novo campo experimental chamando o homem ao arrependimento com a pergunta “Onde você está?” e por julgar a serpente que se permitiu ser usada por Satanás para ser condenada a rastejar na barriga e a comer pó (Gn 3:14).1

Deus é visto como juiz de todo o mundo antediluviano ao trazer um dilúvio sobre toda a terra (Gn 6:9), mas salvando um remanescente fiel, a saber, Noé e sua família (Gn 7:23).2 Posteriormente, Deus julga os construtores da torre de Babel confundindo sua linguagem, e, assim, espalhando-os (Gn 11:1–9). Abraão sabe que Deus é juiz e apelou para “o Juiz de toda a terra” (Gn 18:25)3 que julgará com justiça.

Em todo o AT, Deus é referido como Aquele que julgará com justiça (Sl 96:10, 13; 98:9). O salmista clama a Deus para ser seu juiz e julgá-lo de acordo com sua justiça. “Julga-me, Senhor, Deus meu, segundo a tua justiça; não permitas que se alegrem à minha custa” (Sl 35:24; cp. 7:9; 43:1). Assim, Deus é visto como juiz no passado e no presente. Ele também será visto como juiz tanto em um futuro próximo quanto distante.

  1. Os Juízos de Deus sobre As Nações, Israel, O Indivíduo e O Mundo

  1. O juízo de Deus sobre as nações. Existem inúmeras passagens no AT onde são feitas declarações a respeito do juízo de Deus sobre as nações pagãs. Em Amós 1:3–2: 5, Deus traz juízo sobre a Síria, Filístia, Tiro, Edom, Amom e Moabe. Esse julgamento vem sobre eles por causa de pecados específicos que encheram a taça da iniquidade deles.4

Em Isaías 13-23, encontramos profecias de juízo contra Babilônia (13:1–22; 21:1–10), Assíria (14:24–28), Filístia (14:29–32), Moabe (15:1–16:14), Síria (17:1–14), Etiópia (18:1–7), Egito (19:1–25; 20:1–6), Edom e Arábia (21:11–17) e Tiro (23:1–18).5 Os profetas Joel (3:9–17), Jonas, Sofonias (2:4–15), Obadias (caps. 1–6), Zacarias (9:1–17), e, particularmente, Jeremias (caps. 46-51) e Ezequiel (caps. 15-32) continuam com as profecias de juízo contra as nações.6 Esses discursos de juízo proféticos contra as nações indicam que Deus é verdadeiramente juiz sobre todas as nações e que sua esfera de atividade de julgamento é tão universal quanto o pecado e a culpa das nações.

  1. O juízo de Deus sobre Israel. Deus não é meramente Juiz das nações pagãs dos arredores mais próximos e distantes do antigo Israel. Deus também julga seu próprio povo Israel com base em sua fidelidade às normas que governam a aliança benéfica entre ele e seu povo.

Deus salvou seu povo da escravidão egípcia nos milagres do Êxodo e entrou em um relacionamento profundo de aliança com seu povo no Monte. Sinai (Êx 19–24). Em sua aliança, ele providenciou graciosamente no Decálogo (Êx 20:1–17) as normas éticas que governam as relações Deus-homem e homem-homem. Deus também estabeleceu o santuário e seus serviços para que Israel não se perdesse caso caísse em pecado.7 Eles podem realmente ser perdoados e restaurados em plena comunhão de aliança com Deus. A aliança graciosa foi renovada por Moisés (Dt 27) e mais tarde por Josué (Js 24). Se Israel, entretanto, persistisse em rebelião, Deus teria que julgar seu povo. Esse juízo geralmente vem na forma de um acordo baseado na aliança.8 Este tão falado “acordo de aliança” (rîb) foi anunciado pelos profetas contra Israel por Isaías,9 Oseias,10 Amós,11 Miqueias12 e Jeremias.13 Esses profetas revelam o caso de Deus contra Israel para indicar que o caso de Deus contra seu povo é baseado na violação de sua aliança e que isso exige condenação e juízo se eles não se arrependerem. Em um sentido mais amplo, demonstra que Deus é o Senhor da História e que o castigo de seu povo é merecido e justo,14 por causa de sua contínua violação das normas da aliança (Os 11:17).

O que a realidade do juízo divino sobre o povo de Deus, Israel, revela sobre Deus como juiz? O primeiro fato a surgir é que Deus é promotor e juiz. Como promotor, é o querelante que processa para se mostrar protetor e mantenedor do pacto. Como juiz, ele mantém sua retidão e justiça. O segundo fato é que Deus, como juiz, não é caprichoso ou arbitrário. O acordo de aliança (rîb) está alicerçado nas normas ou regulamentos, ou seja, nas leis a quais relação de aliança está fundamentada.15 Israel persiste em quebrar essas leis de Deus. O terceiro fato é que Deus é o Protetor de seu povo e Aquele que intervém quando seu povo extrapola na desobediência. Assim, nenhuma maldição veio automaticamente sobre o povo de Deus, mas as maldições (Dt 26–32) vieram como resultado de um juízo divino proposital. Deus pune como resultado de um juízo deliberado baseado na justiça divina, assim como Deus salva baseado em sua indizível graça e amor. Finalmente, Isaías lembra que “o Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo; Deus, o Santo, será santificado em justiça.” (Is 5:16). Ao olharmos para trás no tempo, podemos ver que os julgamentos de Deus sobre Israel já fazem parte da história.

  1. O juízo de Deus sobre o indivíduo. Devemos notar que no AT o juízo divino também alcança o indivíduo.16 No precisamos repetir a história de Elias e seus filhos (1 Sm 3:11–14). No livro de Ezequiel encontramos a sentença: “Quanto a vocês, minhas ovelhas, assim diz o Senhor Deus: ‘Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes’” (Ez 34:17). O juízo não é coletivo, mas para cada indivíduo na comunidade de Deus, independentemente de ser piedoso ou ímpio. Eclesiastes 3:17 enfatiza: “Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo propósito e para toda obra.” Assim, todos os seres humanos, justos ou ímpios, serão julgados por Deus. Na verdade, toda a humanidade será julgada. Isso aponta para um futuro no qual haverá um juízo de todos os seres humanos.

  1. O juízo de Deus sobre o mundo. No primeiro livro da Bíblia, descobrimos a execução do juízo de Deus sobre todo o mundo. A narrativa do Dilúvio em Gênesis 6–9 indica que os pecados do homem atingiram proporções sem precedentes e o coração humano ficou tão pervertido que Deus não foi mais capaz de ajudar e salvar a humanidade.17 O juízo de Deus foi executado na destruição dos ímpios antediluvianos e do mundo antediluviano. No entanto, Deus, como sempre, teve um remanescente salvo (Gn 7:23). O evento Dilúvio é um tipo de execução do juízo no final dos tempos.

O AT contém importantes passagens que lidam diretamente com o tema de um juízo apocalíptico universal no final dos tempos. Por falta de espaço, restringiremos nossa descrição de um juízo apocalíptico universal ou global a textos e passagens nos vários escritos proféticos do AT.

O tema mais importante do profeta Joel é o dia do Senhor (Yom Yahveh). Na primeira parte do livro (1:2–2:17) Israel experimenta o juízo do dia do Senhor, segundo o qual o Senhor conduz os exércitos das nações para destruir o Israel infiel. Na segunda parte do livro (2:18–4:12), um Israel fiel é salvo pelo Senhor de seus inimigos. No entanto, “todas as nações” (Jl 3:2, 11) são chamadas ao Vale de Josafá (3:12) onde Deus vai se sentar “para julgar todos os gentios em redor” no tempo do fim e trazer sua destruição, enquanto Senhor será o refúgio do seu povo” (3:16). Joel prediz um juízo universal sobre as nações no tempo do fim (3:1–3, 9–14)18 no Vale de Josafá, que é uma designação simbólica do “Vale da Decisão” (3:14) onde Deus executa Seu julgamento.19

O livro de Isaías contém diversas passagens que tratam do tema do juízo universal. Em Isaías 2:6–22, o dia do Senhor vem à tona novamente e se move em uma imagem magistral de Israel (v. 6–11) para um julgamento universal de “todos os orgulhosos e arrogantes e contra todos os que se exaltam” (v. 12; cp. v. 17). Este é o dia do julgamento universal no tempo do fim, quando os homens se escondem “nas fendas das rochas e nas cavernas dos penhascos” (v. 21; cp. Ap 6:15; 9:20).20

Isaías 13–23 contém julgamentos contra as nações. O início desta seção, a saber, Isaías 13:2–16, é uma profecia que parece ser universal em seu juízo sobre “os orgulhosos,” “os ímpios,” “os tiranos,” na verdade, “toda a terra” (13:5)21 e “todo homem” (v. 7). Parece se referir a um juízo futuro universal que envolve o mundo inteiro e todos os homens.22

O juízo apocalíptico do tempo do fim é apresentado claramente em Isaías 24–27.23 Esses quatro capítulos são frequentemente chamados de Apocalipse de Isaías. Eles apresentam uma imagem de um juízo universal sobre a terra (Is 24:1–23). Uma punição sobre os habitantes da terra (24:1) e “o exército do céu” (24:21). “A terra será completamente devastada e totalmente saqueada” (24:3). Naquele tempo, haverá uma ressurreição dos mortos (26:19), ou seja, dos justos mortos,24 e “o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todos os rostos [do seu povo], e tirará de toda a terra o vexame do seu povo” (25:8). O povo de Deus se regozijará em Sua salvação (25:9) e cantará uma canção de confiança na proteção divina (26:1–10).

Existem também passagens como Isaías 59:15–20 que falam do juízo e seu veredito em “terminologia absoluta e universal.”25 Nesta passagem, encontra-se o grande princípio do juízo: “Segundo as obras deles, assim retribuirá” (Is 59:18).26 Esta passagem parece incluir um juízo apocalíptico universal.27

O juízo universal do tempo do fim é entendido como descrito também em Is 66: 15–16, 17, 24. A condenação eterna é o destino dos inimigos de Deus, israelitas ou não.

Não podemos esquecer passagens importantes como a profecia de Gogue e Magogue em Ezequiel 38–39, que descreve juízos e eventos “Depois de muitos dias . . . no fim dos anos” e “nos últimos dias” (v. 16).28 Além disso, o imaginário do juízo em Zacarias 9–14 possui características apocalípticas que exigem um exame mais exaustivo. Malaquias 4:1–3 contrasta crentes e incrédulos no cenário do fogo do juízo de Deus.

  1. O Juízo Celestial de Deus no Tempo do Fim

Os textos de Joel, Isaías, Ezequiel, Zacarias e Malaquias falam de um juízo universal no tempo do fim em contextos apocalípticos. O livro de Daniel contribui singularmente em sua conhecida “cena de juízo”29 em Daniel 7. O juízo é descrito três vezes neste capítulo (vv. 9–10, 13–14; 21–22; 25–26).30

Esta visão apocalíptica revela diversas ideias importantes sobre o juízo que descreve:

  1. O tempo do juízo celestial. O fluxo de eventos da visão é a varredura da história do tempo de Daniel até o estabelecimento do reino eterno na transição da realidade histórica presente para a realidade futura da nova era no tempo do fim. O juízo está programado para ocorrer no céu durante o fim do tempo, após o período de dominação do chifre pequeno sobre os santos do Altíssimo, isto é, depois de 1798, e antes que o reino eterno seja dado aos santos (Dn 7:21–22, 25–26) na segunda vinda de Cristo. Portanto, trata-se de uma pré-recepção do juízo do reino ou, em termos melhores, um juízo pré-advento.

  1. A natureza do juízo celestial. Daniel 7:10: “Foi instalada a sessão do tribunal e foram abertos os livros.” A abertura dos registros no juízo celestial indica que há uma investigação nesta sessão de juízo. Observou-se que o livro ou os livros de Deus são mencionados fora de Daniel 7:10 seis vezes no AT (Êx 32: 32–33; Sl 56:8; 69:28; 139:16; Ml 3:16; Dn 12:1) e se referem em cada caso a livros relacionados com o povo de Deus. Isso vale para o NT,31 de modo que o padrão para ambos os Testamentos revela que o(s) livro(s) de Deus no céu têm a ver com o povo de Deus. Consequentemente, todo professo povo de Deus estaria sob investigação. Está fundamentado explicitamente em Daniel 7:22, revelando que “foi dado o juízo aos [ou ‘em nome de’ ou ‘em favor de’]32 santos do Altíssimo” [ARC].33 Assim, o juízo pré-advento celestial é de natureza investigativa, permitindo-nos falar apropriadamente de um juízo pré-advento investigativo.

  1. O resultado do juízo celestial. Em Daniel 7:9–10 está descrito o início da sessão do juízo celestial. O Ancião de Dias preside na presença de miríades de seres celestiais e os registros (livros) são abertos sobre o professo povo de Deus.

De acordo com o verso 14, é revelado um aspecto do resultado do juízo pré-advento investigativo celestial. O Filho do homem recebe “domínio e glória e um reino” que “jamais será destruído.” Este reino do Filho do Homem será dado aos santos do Altíssimo que o possuirão para todo o sempre (v. 18).

Em contraste com o reino que será dado ao povo de Deus na segunda vinda de Cristo, será tirado do chifre pequeno “o domínio, para o destruir e o consumir até o fim” (v. 26). A descrição do contraste entre o domínio do Filho do Homem e o domínio do chifre pequeno é a mais clara possível. O “domínio, glória e reino” de Cristo durará para sempre, mas o domínio do chifre pequeno “será tirado, aniquilado e destruído para sempre.” Mais uma vez, é evidente que o plano de salvação de Deus é bem-sucedido e que mesmo a força falsificada mais poderosa na terra não terá sucesso, mas experimentará a destruição eterna. Ademais, é dado um veredito final no juízo pré-advento celestial aos que herdarão o reino eterno.

O juízo pré-advento investigativo tão profundamente descrito em Daniel 7 é complementado em Daniel 8. Neste capítulo apocalíptico, passamos novamente da sucessão de impérios mundiais para “o tempo do fim” (Dn 8:17). O grande clímax do tempo do fim envolve a “limpeza” do santuário celestial, ou seja, uma atividade de purificação, restauração, justificativa e vindicação que é judicial e redentora por natureza no que diz respeito aos propósitos divinos daqueles que são verdadeiramente propriedades de Deus.34

A última grande sequência apocalíptica no livro de Daniel aparece em Daniel 11–12. Novamente, há o movimento de sucessivos impérios mundiais até o tempo do fim (Dn 11:40; 12:1). Daniel 12:1–4 descreve os resultados do juízo pré-advento investigativo e jurídico-redentor de Daniel 7 e 8. O avanço do Príncipe Miguel é para resgatar e salvar “todo aquele que for achado inscrito no livro” (12:1). Há um ataque culminante do inimigo sobre o povo de Deus no “tempo da angústia,” mas o Príncipe Miguel se levanta e liberta Seu povo e concede os fiéis à “vida eterna” (12:2). “Isso ocorre no momento decisivo apocalíptico dos éons e inaugura o reino eterno que é herdado pelo remanescente sobrevivente e pelos justos ressuscitados.”35

No livro de Daniel, o grande clímax não é o juízo, embora importantíssimo para a resolução do problema do pecado. O grande clímax é a manifestação da glória de Deus, seu governo sobre a história, seu senhorio sobre a vida, o resgate apocalíptico do remanescente fiel, e o despertar dos justos para a vida eterna. Assim, todo o povo de Deus pode viver uma vida de companheirismo e comunhão com Deus no reino eterno do novo éon. O julgamento pré-advento é um prelúdio decisivo para o cumprimento do propósito final e duradouro de Deus de redenção para a humanidade e para o universo.

  1. Julgamento Divino e o Santuário/Templo

Há diversas passagens que relacionam o juízo divino ao lugar de onde vem esse juízo ou em que Deus se envolve em julgamento. Há um estudo extenso e representativo sobre este assunto por W. H. Shea, muito elucidador.36 Devemos nos referir seletivamente a alguns aspectos do juízo divino em relação ao santuário.

  1. Juízo divino do santuário terrestre. Dentre os rituais do ciclo do ano judaico, o Dia da Expiação é o grande clímax.37 Ocorria a purificação do santuário dos pecados dos israelitas (Lv 16:19, 30). Todo israelita deveria se humilhar no Dia da Expiação ou “será eliminado do seu povo” (Lv 23:29 [NVI]). O “eliminado” [cortado] é um ato de juízo executado sobre o impenitente e ocasionando a morte prematura do ofensor.38 O julgamento no Dia da Expiação trazia vida ou morte do santuário, a depender da relação do israelita com Deus.

Existem vários casos em que o juízo vem do santuário terrestre. Os filhos aronitas, Nadabe e Abiú, são consumidos pelo fogo que “saiu diante do Senhor” (Lv 10:2) porque eles ofereceram fogo estranho perante o Senhor no santuário (Lv 10:1–7). A murmuração de Miriam é punida por Deus que “desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda” (Nm 12:5) para trazer juízo a Miriam (Nm 12:1–16).

A reclamação dos israelitas faz com que a glória do Senhor apareça “na tenda do encontro” para julgamento (Nm 14:10), mas a intercessão de Moisés faz com que o Senhor troque o juízo por uma repreensão (Nm 14:11–25). No entanto, o Senhor declara que apenas aqueles com menos de vinte anos entrarão em Canaã (vv. 26–35). Os filhos de Corá são consumidos pelo Senhor “da porta da tenda do encontro” (Nm 16:18–19).

Em outra instância, Deus comunica uma decisão judicial feita no santuário sobre herança. Isso é comunicado a Moisés no santuário (Nm 27: 1-11).

Alguns Salmos são muito explícitos em relacionar o juízo divino ao santuário terrestre. O salmista entra “no santuário de Deus” (Sl 73:17) e percebe dali o fim dos ímpios. No Salmo 99, o Senhor se assenta entre os querubins (v. 1) no templo em Sião e manifesta seus atos de graça e juízo na história (v. 6–9).

O profeta Amós ouve o Senhor rugindo de Sião/Jerusalém (Am 1:2), ou seja, do santuário, para trazer juízo sobre as nações (1:3–2:5) e Israel (2:6–8).

Esses textos dos livros de Moisés, dos Salmos e dos profetas (ver também Ez 1–10 e Ml 3:1–3) demonstram claramente que o juízo divino vem do santuário terrestre. No entanto, lembremos que o santuário terrestre nada mais é do que uma miniatura do santuário celestial, a verdadeira morada de Deus. Portanto, atentemos para o juízo divino que promulga do santuário celestial.

  1. Juízo divino do santuário celestial. O assunto do santuário celestial e os juízos resultantes são importantes para o tópico do juízo divino no AT. Examinaremos brevemente os termos para o santuário celestial no AT, e, então, descreveremos os juízos do santuário celestial.

  1. Termos para o santuário celestial. Os Salmos contêm muitas referências ao santuário celestial. O termo “templo” (hêkāl) é empregado em três textos (Sl 11:4; 18:6; 29:9) para o santuário celestial; quatro vezes o termo qodeš é usado e traduzido como “santuário” (Sl 60:6; 63:2; 102:19; 150:1) e duas vezes miqdaš, também traduzido como “santuário” (Sl 68:35; 96:6). Existem três passagens que usam o termo “casa” (beth) e se referem ao santuário celestial do Senhor (Sl 36:8; 29:9; 27:4).39 Essas passagens nos Salmos, e pelo menos cinco textos nos livros proféticos do AT, evidenciam amplamente a existência de um santuário no céu, um lugar de atividade. Naturalmente, os famosos textos em Êx 25:940 afirmam o mesmo.41

Acrescentemos mais dois termos típicos do santuário celestial. O primeiro é “lugar de habitação” (mākôn) e refere-se ao “lugar de habitação” celestial de Deus ou santuário42 em 1 Reis 8:39, 43, 49 (2 Cr 6:30, 33, 39), Salmo 33:14, e Isaías 18:4.

A segunda designação é empregada na cena do juízo em Daniel 7:9–10, onde “tronos” foram postos e o Ancião de Dias se assenta em seu trono para o juízo.

Há diversas passagens falando sobre o trono de Deus (kisse’) que está no céu e ligado ao santuário celestial. Está explícito no Salmo 11:4: “O Senhor está no seu santo templo; nos céus o Senhor tem o seu trono.” A intenção dessas frases fortemente interligadas é comunicar que o trono de Deus está em seu templo/santuário celestial.43 É a intenção também de Isaías 66:1, onde diz que o céu é o trono e a terra é o estrado de Deus.

Deus está entronizado em Seu santo trono (Sl 47:8) no santuário celestial. Este trono de Deus no santuário celestial está construído sobre o fundamento de “justiça e juízo” (Sl 89:14; 97:2 [ACF]) e “está firme desde a antiguidade” (Sl 93:2) e “de geração em geração” (Lm 5:19). De seu trono, “seu reino domina sobre tudo” (Sl 103:19). O profeta Micaías viu “o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto dele, à sua direita e à sua esquerda” (1 Rs 22:19; 2 Cr 18:18) quando Acabe era julgado. Este cenário da hoste celestial em torno do trono de Deus é semelhante ao cenário do juízo em Daniel 7.

É interessante observar que o trono celestial de Deus é mencionado dezessete vezes no AT.44 Em oito dessas passagens, o trono celestial de Deus localizado no santuário está claro e inequivocamente associado ao juízo.45

Examinando as diversas designações no AT para o santuário celestial (“templo”, “santuário”, “casa”, “lugar de habitação”) e para o “trono”, podemos examinar brevemente os juízos divinos ocorridos no santuário celestial e no trono de Deus.

  1. Juízos no santuário celestial. Observamos que o trono de Deus no céu, ou seja, no santuário celestial, aparece em pelo menos oito passagens associadas aos juízos divinos. Tratamos do juízo pré-advento investigativo em Daniel 7:9–10, 13–14 para nos focarmos nos textos remanescentes.

O profeta Micaías em 1 Reis 22:19 (2 Cr 18:18) relata ter visto “o Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda.” Do trono de Deus vem o juízo divino na forma de um espírito de engano e falsidade por parte dos falsos profetas ao aconselharem o rei Acabe. Consequentemente, os planos de Acabe resultam em desastre e destruição.

O salmista louva a Deus no Salmo 9:4 pelo fato de Deus se assentar no trono “julgando justamente” (ACF) e que, como juiz justo, Deus defende a sua causa. O salmista passa do juízo favorável de Deus sobre a esfera limitada do crente para uma esfera universal. Este exclama que o Senhor “já preparou o seu tribunal para julgar. Ele mesmo julgará o mundo com justiça; exercerá juízo sobre povos com retidão” (vv. 7–8 [ACF]).

No Salmo 11:5, o Senhor olha de seu trono em seu santo templo celestial e “põe à prova o justo e o ímpio; mas ele abomina o que ama a violência.” Este “provar” (bāhan) é uma avaliação judicial que salvaguarda os justos e destrói os ímpios. “Sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo” (v.6), mas “os retos lhe contemplarão a face” (v. 7).46 O juízo de Deus será experimentado pelos justos e pelos ímpios; somente os justos serão salvos e despertados da morte “para contemplar [Sua] face em justiça” (Sl 16:8–11; 17:15; 23:6; 49:15; 73:23–28; 139:18).

O fundamento do trono de Deus é tanto retidão quanto justiça. Isso é afirmado no Salmo 97:2. O trono de Deus é o lugar onde é realizado o juízo. A aniquilação dos inimigos de Deus (“seus adversários”) é a prova de seu poder e julgamento. Quando Deus promulga seus juízos de seu trono no santuário celestial, não há escapatória para os ímpios nem este mundo (vs. 3, 6–9), mas os justos serão libertados (vv. 10–12).

A famosa visão do trono de Isaías é narrada em Isaías 6:1–13. Isaías 6:1 relata: “Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.” O “trono” no “templo” é entendido por muitos estudantes como o trono do Senhor no santuário/templo celestial.47 Consequentemente, ao olhar para o templo de Jerusalém, Isaías teve uma visão para ver o Senhor em Seu trono no santuário celestial. Isso também é afirmado por E. G. White. Essa revelação do Senhor em Seu trono fez Isaías exclamar: “Ai de mim! Estou perdido! . . . os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos”(v. 5). Mas um dos serafins celestiais voa até Isaías após a confissão de sua pecaminosidade e toca seus lábios com uma brasa ardente. O veredicto é anunciado do santuário celestial: “A sua iniquidade foi tirada, e o seu pecado, perdoado” (v. 7). A confissão de Isaías é, portanto, reconhecida. Ele recebe um juízo favorável. O perdão lhe é concedido do santuário celestial. Após este ato de salvação, ele pode responder ao chamado: “Quem há de ir por nós?” (v. 8a) com a afirmação do serviço a Deus: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” (v. 8b).

Existem várias passagens adicionais dos Salmos em que juízos vêm do céu (Sl 14:1–6; 29:1–11; 53:1–6; 76:1–2, 8–9; 102:12–13, 19–20; 103:6, 19). Foram tratadas admiravelmente pelo professor William Shea.48 Desejamos suplementá-las com apenas um texto adicional além de alguns já tratamos acima (Salmo 9:4; 97:2).

No Salmo 18:6, Davi diz: “Na minha angústia, invoquei o Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.” Em sua oração, Davi sobe “ao santuário celestial de Deus.”49 Deus aparece em uma teofania (vv. 7–15) que confronta os ímpios com “saraiva e brasas de fogo” e “os espalha” (vv. 12–13), mas o justo é resgatado (vv. 16–19).

Como no Salmo 18, há outra teofania majestosa em Miqueias 1:2–7.50 O juízo de Deus é proferido de seu templo celestial.51 As decisões judiciais são tomadas pelo Senhor Deus, que é Testemunha, Requerente e Juiz ao mesmo tempo. Os veredictos da sessão do tribunal no santuário celestial são pronunciados na terra e executados contra os culpados. Leia as palavras de Miqueias:

“Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, e tudo o que nela há; e seja o Senhor DEUS testemunha contra vós, o Senhor, desde o seu santo templo. Porque eis que o Senhor está para sair do seu lugar, e descerá, e andará sobre as alturas da terra. E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales se fenderão, como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo. Tudo isto por causa da transgressão de Jacó, e dos pecados da casa de Israel” (Mq 1:2–5a).

O Juiz do mundo é o Salvador dos fiéis e o juiz dos infiéis. É chegada a hora de tirarmos algumas conclusões sobre o tema do julgamento divino no AT. (1) Vimos que Deus é juiz universal no AT. Seus juízos não são caprichosos ou arbitrários, mas feitos com retidão e justiça. (2) Os juízos de Deus se estendem do indivíduo, seja ele justo ou ímpio, a Israel como nação, a todas as nações e ao mundo inteiro. (3) Deus julga os seres humanos e suas ordens sociais coletivas (nações) como resultado da deliberação divina. (4) Os critérios do juízo são “as obras deles”. (5) Os juízos de Deus foram experimentados no passado por indivíduos, famílias, tribos, nações e por todo o mundo. (6) O AT conhece um juízo universal no tempo do fim. (7) A sessão do juízo do tempo do fim é descrita como ocorrendo no santuário celestial na presença de multidões de seres celestiais, sendo melhor descrita como um juízo investigativo pré-advento. (8) O santuário sempre aparece como local onde ocorre os juízos de Deus. (9) No antigo Israel, os juízos ocorriam no santuário terrestre, mas o juízo divino normalmente ocorria no santuário celestial, do qual o terrestre é apenas uma cópia. (10) Com base em numerosos textos onde os juízos divinos procedem do santuário celestial, pode-se concluir que quando o juízo vem do santuário terrestre, é apenas uma acomodação de Deus à contraparte terrestre, enquanto a verdadeira residência de Deus é seu santuário celestial onde ele opera a atividade redentora e jurídica. O Senhor não se limita ao santuário terrestre. O santuário onde Deus realmente opera, tratando-se do juízo, é o celestial. (11) As decisões mais profundas sobre o futuro do povo de Deus, que herdará o reino eterno no Segundo Advento, são feitas no santuário celestial desde 1844. A natureza deste juízo divino no santuário celestial é tanto jurídico quanto discriminatório, pois é redentor e expiatório. É a preparação celestial para o glorioso retorno de Jesus Cristo nas nuvens do céu e para que Seu povo esteja com ele no reino eterno que lhes dará.

  1. Juízo Divino no NT
  1. Juízo Divino no NT

No NT, Deus é “o Juiz de todos” (Hb 12:23). O pai é “aquele que, sem parcialidade, julga segundo as obras de cada um” (1 Pe 1:17). Paulo fala do “justo juízo de Deus” (Rm 2:5) que será revelado no dia da ira (cp. Rm 2:3) e que Deus julgará o mundo (Rm 3:6).

Embora Deus, o Pai, seja o juiz, Ele deu autoridade para julgar a Jesus Cristo. “E o Pai não julga ninguém, mas confiou todo julgamento ao Filho” (Jo 5:22). “E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem” (Jo 5:27). Pedro declarou que Jesus Cristo “nos mandou pregar ao povo e testemunhar que ele foi constituído por Deus como Juiz de vivos e de mortos” (At 10:42). Paulo também declara que Deus “um dia em que julgará o mundo com justiça, por meio de um homem que escolheu. E deu certeza disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17:31).

Podemos concluir que no NT tanto Deus, o Pai, quanto Jesus Cristo, o Filho, são designados respectivamente como o juiz do mundo. Embora se diga que ambos julgam, o Pai escolheu julgar por meio do juízo futuro de Jesus Cristo. Porque o Pai julga por meio do Filho, “o tribunal de Deus” mencionado em Romanos 10: 4 e “o tribunal de Cristo” referido em 2 Coríntios 5:10 não devem ser separados.52 Paulo lembra seus leitores que os crentes não estão isentos do juízo futuro. Mesmo sendo justificados (Rm 5:1; 8:1) e reconciliados com Deus (cp. 2 Cor 5:20–21), os crentes ainda serão julgados de acordo com suas obras (1 Cor 3:13).

  1. Juízo Presente no NT

O tema do juízo do NT parece ter dois aspectos principais. Há um aspecto presente e um futuro do juízo igualmente claro por vir. Devemos primeiro olhar brevemente no presente julgamento e seu significado no NT.

As palavras de Jesus no Evangelho de João são comumente referidas quando falamos de um juízo presente no NT. Há, em João 12:31, uma declaração sobre o juízo de Satanás. “Agora é o juízo [krisis]deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12:31). Este texto pode estar associado a João 16:11 “E do juízo [krisis], porque já o príncipe deste mundo está julgado.”

O “príncipe deste mundo” é Satanás (João 14:30; 16:11). Ele é expulso, provavelmente do céu (cp. Jó 1:6–12; 2:1–7; Zc 3:1–2; Ap 12:9–10) e não tem mais acesso à presença de Deus (cp. Lc 10:18; Ap 12:8–9).53 Assim, o julgamento do “príncipe deste mundo” é a limitação da esfera de atividade, pois “todo o mundo está no maligno” (1 Jo 5:19). O “juízo” (krisis) que está sobre o mundo dos homens em rebelião contra Deus54 é a “condenação”.55

Jesus ensina de acordo com o Evangelho de João que aquele que crê tem a vida eterna. “Para que todo aquele que nele crê . . . tenha a vida eterna” (Jo 3:15) ou “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3:36; cp. 6:40, 47; 20:31).

A posse da vida eterna agora no presente não significa que o crente não morrerá. O próprio Jesus afirma que a morte física ainda virá e que ele ressuscitará o crente para a vida. Quem crê em Jesus Cristo “a vida eterna; e eu [Jesus] o ressuscitarei no último dia” (Jo 6:40; c. vv. 44, 54). A vida eterna é uma realidade presente pela fé.

Se há vida eterna agora, o crente entrará em juízo? O famoso texto amplamente citado é João 5:24:

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (ARA).

Este texto é usado para indicar que o crente não entra em um juízo futuro, seja um juízo pré-advento investigativo ou um juízo final.

João 5:24 ensina que não há mais juízo futuro para o crente? Precisamos levar várias coisas em consideração. (1) João 5:24 é parte de uma unidade maior, a saber, 5:16–30,56 e, mais precisamente, João 5:24 é parte integrante dos versículos 19–30.57 Assim, João 5:24 não deve ser retirado de seu contexto e transformado em um texto-prova para dizer algo que o contexto e seu ambiente interno contradizem. (2) Uma vez que João 5:24 é considerado em seu próprio contexto, lembremos que os versos seguintes, 26–30, contêm declarações claras sobre um juízo futuro. (3) Se mantivermos João 5:24 em seu contexto, podemos afirmar que um juízo presente, seja como for, não exclui um juízo futuro.

Analisemos brevemente as principais ideias de João 5:24. Primeiro, existem duas condições que levam à vida eterna: (a) Ouvir a palavra de Jesus e (b) acreditar que o Pai enviou Jesus. Tanto “ouvir” quanto “crer” são particípios ativos presentes, indicando que o crente precisa continuar ouvindo e crendo para permanecer em um estado de vida eterna. Consequentemente, a vida eterna não é um estado ou experiência que, uma vez obtida, nunca poderá ser perdida. Aquele que continua crendo continua na experiência de ter a vida eterna pela fé. A correlação entre ouvir e crer significa que ouvir e crer garante a vida eterna agora, mas a falta de ouvir e crer significa a perda da vida eterna. A vida eterna é uma realidade de fé presente apenas para quem permanece em Jesus Cristo.

Segundo, aquele que tem vida eterna “não entra em juízo.” O que juízo significa aqui? O termo grego traduzido como “juízo” é krisis. O termo krisis tem várias conotações, como “juízo, condenação, punição, etc.”58 Diversos estudiosos cuidadosos defendem que a melhor maneira de traduzir a frase “e não entra em krisis” é “e não entra em condenação.”59 Neste caso, Jesus não diz que o crente não entra em nenhum juízo futuro, mas declara “que o crente não precisa temer no último dia que o juiz lhe condene.”60 Observou-se também que a ideia é, portanto, bastante semelhante à de Paulo, segundo a qual o crente justificado “realmente entra em juízo, mas deixa o tribunal absolvido.”61 Em suma, João 5:24 não nega um juízo futuro, mas remove o medo da condenação em tal juízo pela fé permanente em Jesus Cristo.

Outras declarações no Evangelho de João contêm a mesma ênfase de que para o crente que permanece em um relacionamento de fé vital e dinâmico com Jesus Cristo, que inclui a produção de frutos (Jo 15:2, 16), não há condenação.

Jesus afirma de acordo com João 3:17–18: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” É muito instrutivo notar que o contraste com o termo “salvo” é o verbo grego krinein, traduzido corretamente como “condenar”62 e não como “julgar”. O contraste é entre “condenar” e “salvar”.63 Esses textos afirmam, portanto, que a tarefa de Jesus Cristo é salvar e não condenar.

João 3:19 diz: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” Este texto explica como ocorre a condenação. Jesus Cristo é a luz que veio ao mundo para a salvação. Os homens, por outro lado, amaram as trevas do mundo e demonstraram esse amor pelas trevas por meio de suas más ações. As más ações lhes impediram de amar a luz que é Jesus Cristo. “E este é o juízo [krisis]” no sentido de uma decisão, e, portanto, uma divisão que a pessoa confrontada pela luz, ou seja, Jesus Cristo, escolhe amar as trevas em vez da luz. O “juízo” aqui não é o juízo final. Da mesma forma, o juízo não é movido do futuro para o presente.”64 Em vez disso, Jesus Cristo é uma luz penetrante que provoca um juízo ou decisão naquele que encontra essa luz por meio da escolha do próprio homem que é influenciada por seus atos. Este juízo ou decisão tem uma relação direta com o juízo escatológico no final dos tempos.

  1. Juízo Escatológico no NT

O juízo escatológico é claramente ensinado por Jesus no Evangelho de João. Em João 12:47–48 Jesus diz: “E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo;65 porque eu vim, não para julgar66 o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.”

A expressão “último dia” se refere à vinda do último dia que culmina na ressurreição dos mortos e na salvação “já prestes para se revelar no último tempo” (1 Pe 1:5).67 Portanto, o juízo ocorrerá no último dia. A base desse juízo escatológico são as decisões das pessoas a respeito de Cristo no presente.

A ideia de um juízo escatológico também é encontrada em João 5:28–29:

“Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.”

O juízo escatológico é em um momento que está chegando, claramente futuro do ponto de vista dos dias de Jesus. É um tempo em que haverá uma ressurreição para juízo dos que se decidiram contra Cristo. Mas “no último dia” (Jo 6:39, 40) há uma ressurreição para a vida eterna para “que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna” (v. 40; cp. v. 44, 54). Em 1 João 4:17 os crentes têm a garantia “para que no dia do juízo tenhamos confiança.”

No Evangelho de João há muita ênfase na condenação e na decisão presente a favor ou contra Cristo, que determina se alguém tem ou não a vida eterna. Mas no mesmo Evangelho de João também há muito sobre um juízo escatológico-apocalíptico no futuro (Jo 5: 28–29; 6:39–40,44,54; 12:48). A vida eterna no presente depende da continuação da fé e da permanência em Cristo, que se manifesta pela produção de bons frutos (Jo 15:2–6).

Voltemos nossa atenção agora brevemente para os Evangelhos Sinópticos e examinemos o tema de um juízo futuro. Somente em Mateus encontramos a designação “dia do juízo” (Mt 12:36) como um evento futuro (cp. Mt 10:15; 11:22, 24). Trata-se de algo grandioso (Mt 10:15//Lc 10:14; Mt 12: 41–42//Lucas 11:31–32; Mt 12:36).

Jesus adverte no Sermão da Montanha contra o espírito julgador. “Pois com o critério com que vocês julgarem vocês serão julgados” (Mt 7:2). Nesse sentido, as palavras de Jesus sobre recompensas apontam também para um juízo futuro (Mt 5:12; Lc 6:23, 35; Mt 6: 4, 6, 18).

A parábola das ovelhas e dos bodes (Mt 25:31–46) costuma ser relacionada ao juízo futuro. A chave para entender esta parábola está diretamente ligada à identificação dos “meus pequeninos irmãos” (Mt 25:40). Os “irmãos” dificilmente são os “apóstolos,68 todos os homens necessitados,69 ou um futuro remanescente judeu.70 Acreditamos que os “irmãos” são todos os seguidores de Jesus,71 a saber, cristãos. A cena do juízo retrata o Filho do homem, Jesus Cristo, julgando por dividir os homens das nações com base no fato deles terem lhe aceitado ou rejeitado por meio de seus agentes, os “irmãos”, os seus seguidores. Aqueles que não receberam seus “irmãos” em hospitalidade irão para o castigo eterno, mas os justos entrarão na vida eterna (v. 46).

Pedro afirma em Atos 10:42 que Jesus é “constituído por Deus como Juiz de vivos e de mortos.” Pedro fala dos gentios que vivem em pecado (1 Pe 4:3–4) e afirma que “eles que terão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos” (1 Pe 4:5).

Nos escritos do apóstolo Paulo também há uma abundância de declarações referentes a um juízo futuro. Já observamos que Paulo fala do “tribunal de Deus” (Rm 14:10) e “do tribunal de Cristo” (2 Cos 5:10). Em ambos os textos, diz-se que os crentes “aparecem” ou “permanecem” diante do tribunal (bēma) de Cristo/Deus.

Existem inúmeras passagens nas cartas de Paulo que falam de um juízo futuro.72 Há um futuro “dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho” (Rm 2:16 [ARA]).

Não é necessário aprofundar ainda mais a realidade de um juízo futuro no NT. A ideia de um juízo futuro é axiomática.73 Está presente nos Evangelhos, Atos, João, nas epístolas de Paulo, Pedro, Tiago e Judas. No livro do Apocalipse, “o tema do julgamento atinge seu clímax.”74

Tendo visto que o NT mantém a realidade de um juízo final, precisamos abordar uma série de questões que requerem atenção. Visto a realidade um juízo futuro, qual é o padrão desse juízo? Ou, em outras palavras, por qual princípio ou padrão os seres humanos serão julgados? Uma questão igualmente importante é a relação da justificação e um juízo de acordo com as obras. A questão da cronologia do juízo em suas respectivas fases no final também deve ser considerada. E, finalmente, a questão da confiança ou segurança em vista do juízo escatológico precisa ser abordada.

  1. O Padrão do Juízo

O padrão do juízo é a lei de Deus. Em Romanos 2:12, o apóstolo afirma que “todos os que pecaram sob a lei serão julgados pela lei.” Na disputa mais ampla de Romanos 2:1–16, é evidente que tanto judeus quanto gentios serão julgados porque todos pecaram. Todos serão julgados pela lei de maneira imparcial. O pagão “que pecou sem a lei” (v. 12a), ou seja, “sem lei especificamente revelada ou escrita,”75 mas tendo a lei não escrita da consciência (vv. 14–15) será julgado pela lei que conhece, assim como o judeu será julgado pela “lei” revelada no Monte Sinai. Assim, todos os seres humanos são julgados no juízo escatológico pelo mesmo padrão, a lei de Deus. “Assim, falem e vivam como pessoas que serão julgadas pela lei da liberdade” (Tg 2:12).

  1. Juízo de acordo com As Obras

O ensino consistente do NT é que no juízo futuro todos os homens serão julgados de acordo com as obras. Paulo declara em Romanos 2:13 “Porque justos diante de Deus não são aqueles que somente ouvem a lei, mas os que praticam a lei é que serão justificados.” Esta é uma justificação no juízo escatológico baseada no princípio de que a justificação vem por obras da lei. Em 1 Coríntios 3:8, aprendemos que “cada um receberá a sua recompensa de acordo com o seu próprio trabalho.” No mesmo capítulo do versículo 13, afirma-se que “a obra de cada um se tornará manifesta, pois o Dia a demonstrará. Porque será revelada pelo fogo, e o fogo provará qual é a obra de cada um.” A ideia do juízo ser de acordo com as obras é repetida em 2 Coríntios 5:10: “Porque é necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.”

Esta ideia permeia o NT a partir do ensino de Jesus (Mt 7:17–18; 10:40–42; 25:31–46; Lc 15:11–32; Jo 14:12; 15:1–11) e Paulo no livro de Apocalipse (Ap 20:12; 22:12). Há um motivo para a necessidade do crente de cumprir a lei (Rm 8:4; 13:8–10; Gl 5:13–14; 6:2). O imperativo no NT é fazer a vontade de Deus, guardar sua lei e manifestar o fruto vivo da justificação pela fé em Cristo por meio de boas obras.

Parece haver uma tensão entre a afirmação que em todo o NT a justificação é alcançada pela fé, aparte das obras, e a afirmação de que o juízo escatológico é de acordo com as obras. Isso significa que, uma vez que a justificação é experimentada no início da vida do crente, a vida restante do cristão é aquela de realizar a salvação com temor e tremor? Absolutamente não! A justiça imputada no ponto de conversão é seguida pela justiça comunicada na vida do crente. Paulo expressa a ideia em Romanos 6,22: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna.” Há um movimento na vida de fé do crente de (a) ter sido libertado do pecado que é a justificação na conversão para (b) a vida de fé e obediência pela fé (Gl 5: 6) que é “santificação” para (c) a meta futura de “vida eterna.” Outra maneira de descrever o movimento triplo é empregar os termos passado, presente e futuro e os respectivos acontecimentos. O passado é o ato de ter sido libertado do pecado, o presente é a experiência de santificação que é o processo de amadurecimento de uma vida de fé (não de obras legalistas) em Cristo e o futuro é a recompensa da vida eterna. Embora a vida eterna já seja uma realidade presente para o crente em antecipação ao que virá no futuro, o futuro trará a vida eterna como uma posse plena com base em um veredicto irrevogável alcançado no juízo escatológico.

O ensino do NT sobre o juízo pelas obras ensina para o crente que a realização de Cristo na cruz com sua morte substitutiva nos colocou sob o governo de Deus e Jesus Cristo. Isso é expresso pelas palavras somos agora “transformados em servos de Deus” (Rm 6:22). Agora somos servos de Deus no sentido de que somos discípulos e seguidores de Jesus Cristo. Como seguidores de Jesus Cristo, manifestamos uma dinâmica com “a fé que atua pelo amor” (Gl 5:6).

Deve estar claro agora que as obras do crente no processo de amadurecimento da santificação não são obras que acrescentam algo à justificação recebida pelo crente e mantida em sua vida de fé por meio do perdão dos pecados cometidos. As obras dos justificados são o fruto da justificação na experiência da santificação que são chamadas em 1 Tessalonicenses 1:3 “da obra da vossa fé, do trabalho do amor [ACF].” Esta vida de fé produz obras de fé que são uma manifestação da fé, não do esforço humano para obter a justiça feita pelo homem ou para aumentar a justificação pela fé.

Releiamos 2 Coríntios 5:10: Porque é necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.” O “nós” no contexto de 1 Coríntios 5:1–9 se refere aos cristãos. Mas é passível de questionamento em que sentido os cristãos podem receber o bem ou o mal. O juízo abrange toda a vida do cristão e, consequentemente, determina, antes de tudo. se o cristão era realmente um cristão. Se for determinado que um professo cristão não perseverou em um relacionamento permanente com Cristo, ele receberá o mal. Mas se o cristão permanecer em Cristo, ele receberá o bem. Assim, o juízo escatológico determina com base nas obras (1) se a pessoa era um verdadeiro crente e (2) qual será a recompensa, a saber, boa para o perseverante e fiel, ou má para o infiel. Tendo as obras como fruto da fé, o juízo escatológico testemunha a realidade da salvação no processo da vida total do crente, desde a justificação inicial através da vida de santificação até a consumação na vida eterna como uma posse plena na volta de Cristo.

  1. Momento do Juízo Escatológico

Vimos a evidência abundante no NT sobre um juízo futuro que denominamos de juízo escatológico. Embora não haja no NT uma cronologia muito detalhada do juízo escatológico, existem três fases que podem ser distinguidas no juízo escatológico.

  1. Primeira fase (pré-advento) do juízo escatológico. O momento da primeira fase do juízo escatológico é mencionado em Apocalipse 14 na chamada do primeiro anjo voando no meio do céu: “Temam a Deus e deem glória a ele, pois é chegada a hora em que ele vai julgar. E adorem aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). A seção à qual esta passagem pertence começa em 11:19, que vê o santuário celestial aberto.

A expressão “a hora em que ele vai julgar” se refere dentro do contexto das três mensagens angélicas ao juízo como um processo no tempo do fim (cp. Dn 7:9–10, 13–14; Dn 8:13–14, 26). O “juízo” (krisis) é o julgamento divino celestial em que Deus julga. A “hora” (hōra) é o período de tempo,76 “uma hora final”77 de tempo, antes do retorno de Jesus Cristo.78 Isso é evidente a partir da comparação da frase “a hora em que ele vai julgar” em Apocalipse 14:7 com a frase “chegou a hora da colheita” no verso 15 dentro da descrição da colheita da terra (Ap 14:14–20). Consequentemente, “a hora em que ele vai julgar” precede “chegou a hora da colheita”. Esta “hora de juízo” possibilita uma hora de colheita. O juízo precede a colheita.

O NT fala da vida eterna que será dada aos fiéis. Um resultado da primeira fase do juízo escatológico é a ressurreição dos fiéis para a vida eterna (cp. Jo 6:39–40,54; 5:28–29). Esta primeira fase do juízo escatológico precede a segunda vinda de Jesus, porque no juízo celestial é decidido quem, entre os professos cristãos, perseverou e permaneceu leal a Deus (cp. 2 Cor 5:10).

Aqui, uma passagem como 1 Pedro 4:17 se torna importante: “Porque chegou o tempo de começar o juízo pela casa de Deus.” O “juízo” é krima, ou seja, uma ação de juízo a começar com a família de Deus. Uma ideia claramente sequencial está presente. Primeiro vem a família de Deus e depois vêm aqueles que não pertencem à igreja.

A primeira fase do juízo escatológico é a fase normalmente designada como o juízo pré-advento. Este juízo pré-advento é tanto investigativo quanto avaliativo, como visto acima. Que um juízo precede a segunda vinda de Jesus é reconhecido por vários estudiosos das Escrituras. O professor H. Lampater escreve: “Quando Paulo escreve que ‘os santos hão de julgar o mundo’ (1 Co 6: 2; cp. Mt 19:28), conclui-se que o juízo da comunidade dos ‘santos’ e o juízo do ‘mundo’ não podem ser o mesmo juízo. Assim como a ressurreição daqueles que pertencem a Cristo precede a ressurreição geral dos mortos [ímpios], o juízo dos crentes precede no tempo o juízo das “nações” (pagãos). . . . O juízo da igreja (os membros do corpo de Cristo) não é idêntico nem em tempo nem em conteúdo ao juízo do mundo (a humanidade não cristã).”79 Na mesma linha, um comentarista do livro de Apocalipse concluiu que a ressurreição e a translação dos santos são o resultado de um juízo anterior ao retorno de Jesus Cristo. Os seres humanos não foram criados para comparecer pessoalmente no juízo. A ressurreição e a translação resultam de decisões de juízos anteriores.80 Existem vários estudiosos que também concluíram que o juízo em Daniel 7 é um “pré-juízo,”81 que chamamos de juízo pré-advento investigativo.

Em suma, a imagem em várias passagens do NT deixa claro que há uma primeira fase de juízo no céu a começar no tempo do fim ou como Daniel 7–8 revela, em 1844. Este é o início da “hora em que ele vai julgar” com juízo pré-advento investigativo e avaliativo. Esta fase de julgamento pré-advento termina no momento do fechamento da porta da graça, quando os nomes de todos os que foram inscritos no “livro da vida” (Ap 13:8; 17:8; 20:12; 21:27; cp. Dan 7:10; 12: 1) foram revistos no juízo pré-advento avaliativo. Aqueles que foram considerados dignos serão ressuscitados para a vida eterna quando Jesus aparecer e se juntarão àqueles que foram considerados dignos de serem transladados para viver com Cristo no céu durante o milênio. Isso levanta a questão do juízo dos ímpios, que precisamos tratar.82

  1. A segunda fase (milenar) do juízo escatológico. A sequência do juízo que começa com a família de Deus (1 Pe 4:17), por implicação, passa para aqueles que não pertencem a Deus. Apocalipse 11:18 é a conclusão de uma longa seção (Ap 8:2–11:18)83 que culmina na sétima trombeta da seguinte forma: “Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.” Assumindo uma ordem sequencial, pode ser sugerido que “o tempo determinado para serem julgados os mortos” pode ser o tempo do milênio quando os mortos serão julgados.

É durante a fase milenar, a segunda fase do juízo escatológico, que “os santos hão de julgar o mundo” (1 Co 6:2) e “havemos de julgar os próprios anjos” (v. 3). Esta ideia está associada ao ensino de Jesus: “Em verdade lhes digo que, na regeneração, quando o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19:28; cp. Lc 22:30). Esses textos indicam que o povo de Deus participará do juízo milenial do Filho do homem. A ideia de julgar, em 1 Coríntios 6: 2-3, não é “governar” porque o contexto lida com questões jurídicas, não estatais.84 É a ideia de julgar no sentido de “pronunciar veredito”.

O juízo no grande trono branco em Apocalipse 20:11–15 descreve em detalhes gráficos o juízo milenial quando “os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros” (v. 12). Os livros são os livros de suas obras e aqueles que serão julgados no milênio são aqueles cujos nomes não se encontram escritos no livro da vida (v. 15).

Aqueles que serão julgados durante o milênio serão ressuscitados para “à ressurreição do juízo” (João 5:29), que é “a ressurreição da condenação” (ACF). “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” (Ap 20:5). Nessa época, pronunciar-se-á: “Afastem-se de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).

  1. A terceira fase (pós-milênio) do juízo escatológico. A fase final do julgamento escatológico é para uma “recompensa” final dos santos e para uma “destruição” final dos seres humanos ímpios (Ap 11:18) e Satanás e seus anjos (Ap 20:10, 14, 15). A condenação se manifesta na destruição final de Satanás e de seu exército, bem como no pecado “no lago de fogo” (Ap 20:15). Essa destruição com fogo “aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos imorais, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que está queimando com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21:8).

Conclusão

Em conclusão, gostaríamos de enfatizar que o ensino bíblico sobre o juízo não é um assunto periférico do pensamento bíblico. O juízo é um tema tão básico quanto redenção e salvação. O juízo garante a liberdade, a escolha e a responsabilidade humana. O juízo garante também que Deus permanece no controle de tudo. Em um sentido último, o juízo garante a retidão e a justiça divinas. Em juízo, Deus demonstra universalmente e com finalidade os resultados finais do pecado e da rebelião, e igualmente manifesta o amor divino. “O juízo de Deus é entendido na análise final como uma expressão do amor de Deus. Pois o único juízo realmente radical do pecado é o do amor puro.”85 Ou expresso de outra forma: “O juízo protege a ideia do triunfo de Deus e do bem. É impensável que o presente conflito entre o bem e o mal perdure por toda a eternidade. Juízo significa que o mal será eliminado com autoridade, de forma decisiva, final.”86 O juízo é necessário devido ao pecado e à “rebelião incessante do homem, mas não por qualquer vingança na natureza de Deus.”87 O julgamento divino traz a realidade e a existência singular do reino de Deus a ser herdada por aqueles que o amam e o seguem voluntariamente.

Como crentes, podemos ter confiança para enfrentar cada fase do juízo escatológico. Paulo afirma: “É Deus quem os justifica. Quem os condenará” (Rm 8:33–34). Em Hebreus 6:10 é afirmado que “Deus não é injusto para se esquecer do trabalho que vocês fizeram e do amor que mostraram.” João escreve que “nisto o amor é aperfeiçoado em nós, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, assim como ele é, também nós somos neste mundo” (1 Jo 4:17). A confiança no dia do juízo é a confiança em Jesus Cristo, a quem nos comprometemos em um relacionamento pleno, duradouro e diário. Nossas obras, por mais importantes que sejam, não fornecem nenhum motivo para segurança, porque sempre carecem da glória de Deus, mas “podemos ter confiança no dia do juízo” por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem habitamos. Estamos seguros em Jesus, nosso Senhor e Salvador, que perdoa os nossos pecados, nosso Mediador celestial (Gl 3:19; 1 Tm 2:5) que pagou nossa dívida (Hb 10:10, 19) e por meio de quem nos achegamos “do trono da graça com confiança” (Hb 4:16), porque ele é nosso advogado junto ao Pai (1 Jo 2:1). Nosso conhecimento de Jesus Cristo como nosso Mediador, Advogado e Sumo Sacerdote nos torna confiantes “no dia do juízo.” O próprio Pai “amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). O Pai e o Filho não querem que vivamos com medo e ansiedade, mas com confiança e alegria de agora em diante, até o dia em que Cristo aparecer nas nuvens do céu para nos levar para casa com ele.


Notas

1 Ver D. Kidner, Genesis (Downers Grove, IL., 1967), pp. 66–73; H. Möller, Der Anfang der Bibel (Berlin, 1978), pp. 35–45.

2 Para a conexão do tema remanescente com o tema juízo, ver G. F. Hasel, The Remnant (Andrews University Monograph Series, no. 5; 3ª e., Berrien Springs, MI, 1980), 136-38.

3 Ver, também, Sl 94: 2; Jó 34:17; cp. 1 Rs 8:32; Ml 3:14. C. S. Rodd, “Shall Not the Judge of All the Earth Do What Is Just? (Gen 18:25),” Expository Times 83 (1972):137–139.

4 Sobre Amós, ver N. Gottwald, All the Kingdoms of the World (Nova York, 1964), pp. 94–114; A. S. Kapelrud, Central Ideas in Amos (Oslo, 1962), 17-33; A. Neher, Amos (Paris, 1950), pp. 49–76.

5 Sobre Isaías 13–23, ver E. J. Young, The Book of Isaiah (Grand Rapids, 1965), 1:408–479.

6 Ver os estudos críticos de G. E. Wright, “The Nations in Hebrew Prophecy,” Encounter 26 (1965): 225–237; D. L. Christensen, Transformations of the War Oracle in Old Testament Prophecy (Missoula, MT, 1975), pp. 127-180.

7 Ver Gerhard F. Hasel, Covenant in Blood (Mountain View, CA: Pacific Press, 1982).

8 J. Harvey, Le plaidoyer prophétique contre Israël après la rupture de l’alliance (Bruges-Paris, 1967); H. B. Huffmon, “The Covenant Lawsuit in the Prophets,” Journal of Biblical Literature 78 (1959): 285–295.

9 Is 1:2–3; 3:13–15; 41:1–5, 21–29; 42:18–25; 43:8–13; 44:6–8; 45:18–25; 50:1–3. Ver A. Schoors, I Am God Your Savior (Leiden, 1973).

10 Os 2:4–17; 4:1–3.

11 Amós 1:2–3.

12 Mq 6:1–8.

13 Jr 2:4–13.

14 K. Nielsen, Yahweh as Prosecutor and Judge (Sheffield, 1978), p. 71.

15 Ver o caítulos, “Covenant and Law at Sinai,” em Hasel, Covenant in Blood, pp. 63–74.

16 A. Gamper, Gott als Richter in Mesopotamien und im Alten Testament (Innsbruck, 1966), pp. 216–18.

17 Sobre a universalidade do dilúvio e suas implicações, consultar Gerhard F. Hasel, “Some Issues Regarding the Nature and Universality of the Genesis Flood Narrative,” Origins 5/2 (1978):83–98.

18 H. W. Wolff, Joel and Amos (Philadelphia, 1977), pp. 12–14.

19 W. Rudolph, Joel-Amos-Obadja-Jona (Gütersloh, 1971), pp. 69–88.

20 Young, The Book of Isaiah, I, pp. 123–134; H. Wildberger, Jesaja 1–12 (Neukirchen-Vluyn, 1972), pp. 91–115.

21 Embora seja verdade que o texto hebraico permite a tradução da palavra “lar” por “terra”, a tradução de “terra” é apoiada pela proclamação dos versículos 6–14, esclarecendo que o dia do Senhor traz terror e destruição sobre todos os homens (v. 7).

22 Entre os comentaristas que viram a parte inicial de Isaías 13 se referindo a um juízo divino sobre o mundo inteiro estão A. Dillmann, T. K. Cheyne, C. J. Bredenkamp, ​​C. Stenernagel, O. Kaiser, etc. Se isso estiver correto, então Is 13:18–22 se move do juízo universal para o da Babilônia, que é típico do juízo mundial.

23 M. Lagrange, “L’apocalypse d’Isaie (24-27),” Revue Biblique 3 (1894):200–231; C. Boutflower, O Livro de Isaías 1–39 na Luz dos Monumentos Assírios (Londres, 1930), pp. 328–331; Y. Kaufman, The Religion of Israel (Chicago, 1960), p. 384; M. A. Beck, “Ein Erdbeben wird zum prophetischen Erleben (Jesaja 24-27),” Archiv Orientalni 71/1 (1949):31–40; Young, The Book of Isaiah, II, pp. 146–261.

24 Gerhard F. Hasel, “The Resurrection in the Theology of Old Testament Apocalyptic,” Zeitschrift für alttestamentliche Wissenschaft 92 (1980): 267–284.

25 D. H. Odendaal, The Eschatological Expectation of Isaiah 40-66 With Special Reference to Israel and the Nations (Philadelphia, 1970), p. 106.

26 Sobre o problema de tradução, ver J. A. Alexander, The Prophecies of Isaiah (Grand Rapids, 1971), pp. 373–374.

27 Odendaal, Eschatological Expectation of Isaiah 40–66, pp. 106.

28 Faz parte da imagem do juízo final do AT em Gamper, Gott als Richter, p. 219.

29 Gamper, Gott als Richter, pp. 219–220.

30 Para detalhes, ver A. J. Ferch, “The Judgment Scene in Daniel 7,” The Sanctuary and the Atonement: Biblical Historical and Theological Studies, ee. A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher (Biblical Research Institute, Silver Spring, MD, 1981), pp. 157–176, e W. H. Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation, Daniel and Revelation Committee Series, vol. 1 (Biblical Research Institute: Silver Spring, MD, 1982), pp. 94–131.

31 Veja Fp 4: 3; Ap 3:5; 13:8; 17:8; 20:12, 15; 21:27. Em Apocalipse 20:12, lidamos com um juízo pós-milênio dos ímpios, enquanto em todas as outras instâncias lidamos com os justos, o povo de Deus.

32 L. Koehler e W. Baumgartner, Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Leiden, 1958), 1065, afirma que dîn le em Daniel 7:22 significa “o juízo é pronunciado a favor de.”

33 O termo para “juízo” (aramaico dîn) pode significar “juízo” ou “veredito” como resultado do juízo.

34 Ver o estudo detalhado de Gerhard F. Hasel, “The ‘Little Horn,’ the Heavenly Sanctuary, and the Time of the End: A Study of Daniel 8:9-14,” Symposium on Daniel, Daniel and Revelation Committee Series, vol. 2 (Biblical Research Institute: Silver Spring, MD, 1986).

35 Hasel, “Resurrection in the Theology of OT Apocalyptic,” pp. 280–281.

36 W. H. Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation, 1–24: “Biblical Parallels for the Investigative Judgment.”

37 Gerhard F. Hasel, “Studies in Biblical Atonement II: The Day of Atonement,” The Sanctuary and the Atonement, ee. A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher (Biblical Research Institute, Silver Spring, MD, 1981), pp. 115–133.

38 Sobre a ideia de “cortar” no AT, ver Gerhard F. Hasel, “krat,” Theologisches Wörterbuch zum Alten Testament, ee. J. G. Botterweck e H. Ringgren (Stuttgart, 1983), 4:355–367.

39 Não há consenso entre comentaristas se Salmo 29:9 e 27:4 se referem ao santuário celestial. Apesar de um pequeno grau de incerteza, parece provável se tratar do santuário celestial.

40 Ver, também, Mq 1:2–5; Is 6:1–5; 63:15; Jn 2:2; Hc 2:20.

41 Sobre Êx 25:9, 40, ver o estudo penetrante de R. Davidson, Typology in Scripture. A Study of Hermeneutical typos Structures (Andrews University Seminary Doctoral Dissertation Series, vol. 2; Berrien Springs, MI, 1981), pp. 369–88, mostrando que o termo “padrão” segundo o qual o santuário terrestre é construído aponta para o próprio santuário celestial (388).

42 A equação de “morada” e “santuário” é encontrada no paralelismo poético em Êx 15:17.

43 M. Dahood, Psalms I (Garden City, NY, 1973), pp. 69–70.

44 Is 6:1; 66:1; Ez 1:26 (2 vezes); Lm 5:19; 1 Rs 22:19/2 Chr 18:18; Sl 9:4, 7; 11:4; 45:6; 47:8; 89:14; 93:2; 97:2; 103:19; Dn 7:10.

45 Is 6:1; Sl 9:4, 7; 11:4; 97:2; 1 Rs 22:19; 2 Cr 18:18.

46 A. Weiser, The Psalms. A Commentary (Philadelphia, 1962), pp. 156–158, aponta para o juízo no Salmo 11.

47 E. König, Jesaja (Munich, 1926), ad. loc.; J. Fisher, Jesajas (Bonn, 1937), vol. 1, ad. loc.; I. Engnell, The Call of Isaiah (Lund, 1949), pp. 27–28; G. E. Wright, Isaiah (London, 1964), p. 35; G. Fohrer, Das Buch Jesaja, 2ª e. (Zurich, 1966), p. 95; J. Scharbert, Die Propheten Israels bis 700 v. Chr. (Köln, 1965), p. 205; H. Wildberger, Jesaja (Neukirchen-Vluyn, 1972), pp. 245-246; H. J. Kraus, Theologie der Psalmen (Neukirchen-Vluyn, 1979), p. 92.

48 Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation, pp. 5–7.

49 Weiser, The Psalms, p. 189.

50 Ver também Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation, p. 7.

51 L. C. Allen, The Books of Joel, Obadiah, Jonah and Micah (Grand Rapids, 1976), p. 270.

52 T. McComiskey, “(b_ma), judgment seat,” The New International Dictionary of the New Testament Theology, e. C. Brown (Grand Rapids, 1976), 2:369–370.

53 Entre comentaristas recentes, Th. Zahn, A. Schlatter, F. Büchsel, etc. Ver E. Percy, Untersuchungen über den Ursprung der johanneischen Theologie (Lund, 1939), pp. 141–143.

54 D. Guthrie, “Johannine Theology,” Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, e. M. C. Tenney (Grand Rapids, 1977), 3:630.

55 L. van Hartingsveld, Die Eschatologie des Johannesevangeliums (Assen, 1962), p. 41.

56 R. E. Brown, The Gospel According to John I–XII (Garden City, NJ, 1966), pp. 213–214.

57 J. Blank, krisis (Freiburg, 1964), pp. 109–182.

58 W. Bauer, W. F. Arndt e F. W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament (Chicago, 1957), pp. 453–454.

59 Van Hartingsveld, Eschatologie, p. 37; Brown, Gospel According to John, pp. 213, 345, et. als.

60 Van Hartingsveld, Eschatologie, p. 37.

61 C. K. Barrett, The Gospel According to St. John (London, 1955), p. 217.

62 A palavra krinein que normalmente significa “julgar, separar, distinguir, decidir” também pode significar “condenar, punir” (Bauer-Arndt-Gingrich, Greek-English Lexicon, pp. 452–453). Em João 3:17–18; 12:47–48 “condenar” é o significado de acordo com Bauer-Arndt-Gingrich, p. 453; Brown, John I–XII, pp. 147–148. CH Dodd, Historical Tradition in the Gospel of John (Cambridge, 1963), p, 357, observa que, em João, krinein “pode ter o significado de katakrinein,” que significa “condenar” (Mc 16:16; cp. Mc 10:33; Mt 20:18; 2 Pe 2:6; Rm 8:34; 1 Co 11:32).

63 Brown, John I–XII, p. 345. Cp. J. Calvin, citado van Hartingsveld, Eschatologie, 37, nº. 4.

64 Van Hartingsveld, Eschatologie, p. 39.

65 O termo grego é krinein que, contrastando “salvar”, significa “condenar”. Ver acima n. 62

66 Ver acima nº 62, 65.

67 G. Kittel, “Eschatos,” Theological Dictionary of the New Testament, e. G. Kittel (Grand Rapids, 1964), 2:697.

68 L. Cope, “Matthew 25:31-45, ‘The Sheep and the Goats’ Reinterpreted,” Novum Testamentum 11 (1969):32–44.

69 J. Jeremias, The Parables of Jesus (London, 1963), p. 207.

70 J. D. Pentecost, Things to Come (Grand Rapids, 1958), p. 420.

71 E. G. White, O Desejado de Todas As Nações, p. 638; ver, também, D. Guthrie, New Testament Theology (Leicester, 1981), p. 851.

72 Os textos paulinos normalmente citados são: Rm 2:16; 8:5–13; 14:10, 12; 1 Co 3:13; 4:5; 6:9; 2 Co 5:9–10; Gl 5:19; 6:7–8; Ef 5:5–6; Cl 3:5; 1 Ts 4:6. Pode ser adicionado também Hb 2:1–3; 6:1–2; 10:26–31; 12:23; 29:29.

73 L. Morris, The Biblical Doctrine of Judgment (Grand Rapids, 1960), p. 54.

74 Guthrie, New Testament Theology, p. 866.

75 F. D. Nichol, e., “Romans,” The SDA Bible Commentary (Washington, DC, 1957), 6:488.

76 Ibid., p. 905.

77 H. C. Hahn, “Time,” New International Dictionary of NT Theology, 3:848.

78 Bauer-Arndt-Gingrich, A Greek-English Lexicon, p. 453.

79 H. Lampater, Die Hoffnung der Christen (Stuttgart, 1967), p. 161.

80 J. A. Seiss, The Apocalypse, 12ª e. (Philadelphia, 1865), 1:322–326.

81 F. Düsterwald, Die Weltreiche und das Gottesreich (Freiburg, 1890), p. 177. Cp. S. P. Tregelles, Book of Daniel, 6ª e. (London, 1883), pp. 39–41; T. Robinson, “Daniel,” Homiletical Commentary (New York, 1892), 19:136, 139; A. C. Gaebelein, The Prophet Daniel (New York, 1911), p. 77. A. Ferch, “The Judgment Scene in Daniel 7,” p. 176, nº 66, listou esses convenientemente.

82 Sobre o milênio e os santos de Deus no céu, ver A. J. Ferch, “The Millennium, a Golden Age on Earth — Or in Heaven?” Ministry 50/5 (1977), pp. 32–35.

83 Sobre a estrutura literária do Apocalipse, ver K. Strand, Interpreting the Book of Revelation (Ann Arbor, MI, 1976), pp. 43–59; id., “Chiastic Structure and Some Motifs in the Book of Revelation,” Andrews University Seminary Studies 16 (1978):401–408.

84 L. Morris, The First Epistle of Paul to the Corinthians (Leicester, 1963), p. 94.

85 G. Aulen, conforme citado em Morris, The Biblical Doctrine of Judgment, p. 70.

86 Morris, The Biblical Doctrine of Judgment, p. 72.

87 J. P. Martin, “The Last Judgment,” Dreams, Visions and Oracles, ee. C. E. Amerding e W. W. Gasque (Grand Rapids, 1977), p. 201.

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